Dificilmente um ser sobre a face da terra suporta viver sozinho por muito tempo. A revista VEJA nº13, de 27/03/96, publicou um artigo sobre um urso Panda que adoeceu e morreu num zoológico de Nova York por causa da solidão. Após a morte de sua companheira, ele começou a entristecer, perdeu o apetite, adoeceu e acabou morrendo também.
Com o ser humano não é diferente. pela própria essência da sua criação, ele tem uma grande necessidade de estar acompanhado. A solidão pode ser devastadora para um ser tão criativo e sonhador. Podemos dizer que é um ser marcado pela incompletude; por isso se lança a procura de quê ou quem preencha esse vazio. Assim é que homem e mulher buscam uma forma de organização entre os sexos com o objetivo de se completarem.
EU, VOCÊ , NÓS ... E OS CONFLITOS
Apesar da necessidade recíproca do homem e da mulher estarem juntos, é muito comum, nos dias de hoje, vermos os casamentos fracassando. Os motivos apresentados são vários: incompatibilidade de gênios, incompreensão, desamor e infidelidade são apenas alguns.
Raramente o tempo de namoro e noivado não serão suficientes para que um conheça o outro satisfatoriamente; isso vai acontecendo a medida em que "comem juntos um saco cheio de sal".
Qualquer cônjuge no exercício do seu papel há de concordar que ser casal não é tarefa fácil. Repartir a vida com alguém é um grande desafio.
Homens e mulheres são seres humanos muito diferentes um do outro. As características atribuídas tanto ao homem quanto a mulher em suas formas de pensar, agir e sentir tem tudo a ver com os aspectos de caráter e personalidade adquiridos pelos fatores biológicos, históricos e culturais. Para comprovar essa verdade, basta dar uma olhada na maneira como meninos e meninas são criados. A menina desde cedo é estimulada a cultivar e transparecer sua sensibilidade e emotividade; se cai e chora, é protegida e consolada; brinca de casinha e com bichinhos de pelúcia; aprende a ser dependente e frágil. O menino é criado com muito mais liberdade; se chora, dizem-lhe que homem não pode chorar; brinca com carrinhos e bolas, desenvolvendo mais a racionalização do que a emoção.
Quando adentramos para o casamento, levamos conosco uma mala enorme cheinha de atitudes, idéias, comportamentos e crenças que aprendemos durante a vida toda, com nossas famílias. Então, não é de admirar que surjam conflitos entre pessoas tão diferentes, vindas de famílias tão diferentes, para viverem numa nova vida a dois.
Um desses conflitos é a dificuldade de comunicação. Muitas pessoas não aprenderam como comunicar-se. Muitas vezes, quando conseguem fazê-lo, é de forma errada; pois não entendem nem dão-se a entender para o outro, criando um bloqueio na comunicação do casal.
A maneira de expressar as emoções também é freqüente causa de conflitos conjugais. Explosões da raiva, acessos de choro, gritos ou lamentações são maneiras infantis de demonstrar sentimentos. A dificuldade de controlar as emoções levam muitos casais a agressões físicas e verbais que destroem suas vidas e seus casamentos.
Geralmente, as pessoas se casam, achando que com muito jeito e amor poderão consertar os defeitos do outro. A dificuldade de amar e aceitar o cônjuge como ele realmente é, freqüentemente causa muitas divergências entre o casal. Ao querer que o cônjuge seja como nós pensamos que ele deva ser, estamos demonstrando que não amamos a pessoa que ele é, mas sim alguém que criamos na nossa imaginação. Nós o magoamos porque rejeitamos sua natural maneira de ser. Esta atitude priva o casal de aprender um com o outro e admirar as maravilhas da singularidade de cada ser humano.
Na verdade, estas são apenas algumas causas que desencadeiam conflitos na vida conjugal, pois elas são infinitas. Coisas pequenas, como a maneira de apertar o tubo da pasta de dentes ou o modo de sentar-se à mesa, são causadoras de freqüentes atritos conjugais. No entanto, isto pode ser um forte indício de descontentamento consigo mesmo.
CASAR-SE, PARA SER OU PARA FAZER FELIZ?
As influências biológicas, culturais e familiares afetam diretamente a maneira como construímos nossas próprias imagens. Se essa imagem é falsa ou distorcida, fará com que projetemos no companheiro nossos conflitos internos, tornando o casamento parcial, porque o cônjuge não pode contribuir com suas próprias características.
Para muitos, é mais fácil enfrentar o desafio do divórcio do que o desafio de "crescer" dentro do casamento. Por isso, homens e mulheres esquivam-se de um confronto consigo mesmos, com seus valores sociais, morais e culturais, fugindo de si mesmos por causa do medo de amadurecer e assumir responsabilidades. No entanto, na medida em que crescem e se sentem mais realizados como pessoas, poderão descobrir o quanto o casamento pode ser interessante para os cônjuges e quanta felicidade pode haver na vida a dois.
Concluindo, Príncipe Encantado e Cinderela só existem em contos de fadas. Ninguém é totalmente lindo, maravilhoso e perfeito. Somos pecadores, e o que nos torna seres de algum valor é a graça infinita de Deus.
Dentro de uma perspectiva verdadeira dentro do que marido e mulher podem ser, é perfeitamente possível serem felizes. A complementaridade que ambos buscam está na soma de um mais um que se torna três - um homem, uma mulher e um casal.
O homem que ama, valoriza e respeita sua mulher, elogia seus atos, faz críticas construtivas, aponta suas virtudes, respeita seus limites e oferece seu ombro. A mulher que ama, valoriza e respeita seu marido, aprecia suas atitudes, critica construtivamente, admira suas virtudes, aceita suas limitações e estende sua mão. Eles caminham lado a lado, estimulam um ao outro e compartilham suas vidas. Certamente isso ajuda a ambos sentirem-se grandes pessoas.
"Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher, e serão uma só carne." (Gênesis 2:24)
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