terça-feira, 14 de agosto de 2012

Um dia que se foi (o último poema)




Olharei para traz, não verei vestígios. Não haverá nada em que se fixar os olhos, pois sei que o tempo apagará tudo isso, levará embora todos esses momentos.
Terei apenas uma lembrança, como que uma leve brisa sobrando sobre aquelas ruas, levantando a poeira e levando para longe de mim àquelas pétalas de rosas que caíram ao chão.
Olho perplexo para o tempo – tão indiferente e tão devastador, que corre sem parar, que corre levando de mim os meus sonhos.
É tarde, a noite logo virá. Esquivo-me baixando meus olhos de um sol que me parece cegar. Esquivo-me novamente, vejo um clarão atordoante.
Nele, vejo seu rosto suavizado por uma felicidade tímida e frágil.
Fecho os meus olhos comprimindo uma lágrima, pois penso
apenas estar sonhando.
Por alguns momentos me esqueço de tudo, ao ver o pôr do sol. É mais um dia que chega ao seu fim, e a ele entrego esse dia que se vai, e que jamais voltará.
Aos poucos o vejo se por lentamente igual a um sorriso que se desfaz.
Ao cair da noite retornará a mim a lembrança de um dia, de um dia que estive ao seu lado. Uma parte de minha vida que viverá apenas de recordações.

Carlos Junio – 1997

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