Olharei
para traz, não verei vestígios. Não haverá nada em que se fixar os olhos, pois
sei que o tempo apagará tudo isso, levará embora todos esses momentos.
Terei
apenas uma lembrança, como que uma leve brisa sobrando sobre aquelas ruas,
levantando a poeira e levando para longe de mim àquelas pétalas de rosas que
caíram ao chão.
Olho
perplexo para o tempo – tão indiferente e tão devastador, que corre sem parar,
que corre levando de mim os meus sonhos.
É
tarde, a noite logo virá. Esquivo-me baixando meus olhos de um sol que me
parece cegar. Esquivo-me novamente, vejo um clarão atordoante.
Nele,
vejo seu rosto suavizado por uma felicidade tímida e frágil.
Fecho
os meus olhos comprimindo uma lágrima, pois penso
apenas
estar sonhando.
Por
alguns momentos me esqueço de tudo, ao ver o pôr do sol. É mais um dia que
chega ao seu fim, e a ele entrego esse dia que se vai, e que jamais voltará.
Aos
poucos o vejo se por lentamente igual a um sorriso que se desfaz.
Ao
cair da noite retornará a mim a lembrança de um dia, de um dia que estive ao
seu lado. Uma parte de minha vida que viverá apenas de recordações.
Carlos
Junio – 1997
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