Na busca pela pessoa perfeita, acabamos descobrindo que podemos
encontrar mais imperfeições do que dantes imaginávamos. A questão não é de se
achar uma raridade, uma pessoa da qual não se tenha nada do que reclamar, mas
sim, de encontrarmos alguém que nos toque de uma forma diferente, tornando
nossa vida mais completa, que nos conforte nos momentos de dificuldades, que
nos ouça no momento do desabafo, que nos repreenda (ainda que com dor no
coração) no momento de tolice, que nos ame e mesmo que nos contrariando, nos
fale a verdade que tanto necessitamos ouvir.
Falamos muitas vezes como se fossemos donos da verdade absoluta, e
nesse falar, acabamos por dizer coisas das quais após alguns poucos minutos
estaremos arrependidos, coisas que se ser parássemos para pensar no outro e nos
efeitos que nossas palavras irão repercutir, outrora não falaríamos.
Ouvimos como se não ouvíssemos, deixando longínquas as palavras que,
momentaneamente pela altivez de nosso sentir, não permitimos fazer sentido aos
nossos ouvidos, permitindo-nos que voz do conselho ou até mesmo da repreensão
nos seja abafada, silenciada, distanciada da nossa razão... mas a voz do
arrependimento vem depois.
Esquecemos por muitas vezes o real motivo de estarmos juntos, tudo o
que passamos, barreiras que vencemos, as impossibilidades que se fizeram
possíveis, a dúvidas que se concretizaram em segurança, os medos que se perpetraram
coragem, o vazio que através de duras provas fora preenchido por uma certeza,
um sentimento que um dia era despercebido aos nossos sentidos, um amor
diferente da nossa remota percepção do amar.
Amemo-nos mais pelo que realmente somos uns aos outros, não pelo que
gostaríamos que o outro seja, mas pelo melhor que um dia pudemos encontrar no
interior daquela pessoa. Compreendamos mais, lembrando-nos de que falhas todos
nós temos e teremos enquanto aqui nessa terra, mas que apesar das falhas,
estejamos dispostos a fazer diferente, a prosseguir em frente, a erguer-nos do
erro e andarmos em direção ao que podemos fazer para acertar. Ouçamos mais
aquela voz que insistentemente luta para converter-nos de nossa falha e
proteger-nos das possíveis dores que nos aguardam.
Façamos diferente, pensemos diferente, vejamos diferente, amemos
diferente, para que assim, verdadeiramente, possamos ver no outro a pessoa
perfeita.
Doug